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19:28 - 17/10/2023
ULTIMA ATUALIZAÇÃO::
[campo aberto – ciclo I 2023] henry palacio

Durante sua estadia no México, o artista Henry Palacio deparou-se com um video acerca do assassinato do candidato presidencial mexicano Luis Donaldo Colosio em 1994. No vídeo, o suposto assassino, Mario Arbusto, dirige a gravação e representa a si mesmo em uma encenação sobre o crime. O documento é ponto de partida para a investigação do artista: a auto-representação, a verdade e a ficção são seus objetos de pesquisa.

Como desenvolvimento destas pesquisas – e ainda no México – trabalhou com um grupo de mexicanos deportados dos Estados Unidos. Os imigrantes reuniam-se em um bairro no centro da cidade, batizado por eles de Little LA. Henry alugou um espaço e criou simulacro de um restaurante Taco Bell. Os membros dessa comunidade participaram de um processo de improvisação teatral, contando suas experiências de imigração. Ao regressar à Colômbia, dedicou-se aos fantasmas criados pela direita em torno do chavismo para influenciar as eleições presidenciais. Naquele país, assim como no Brasil e México, eram disseminadas notícias de que a depender das escolhas nas urnas, tais países poderiam passar por mudanças estruturais.

Em seu projeto inicial para a residência Pivô, o artista propôs investigar este fenômeno: o que significaria tornar-se a Venezuela? A partir do contato com imigrantes venezuelanos residentes no Brasil, o artista propunha em uma investigação sobre as faces e operações do neoliberalismo na América Latina. Ao chegar no Brasil, Henry deparou-se com a história do guru da extrema direita Olavo de Carvalho. O astrólogo e ideólogo foi, usando as palavras do historiador Ruy Fausto, um ‘ilusionista’, que, em discursos pedantes e inflamados, constantemente criava suas versões de realidade.

 

Tais discursos que passam a operar como verdade na política são o objeto para os trabalhos criados no contexto da residência. Nos trabalhos em vídeo, assistimos a um ator, que representa Henry, realizando castings para atuar como ele mesmo; e, em seguida, assistimos a outros atores fazendo castings para reencenar uma entrevista dada por Olavo de Carvalho a Pedro Bial em 1996. Entre repetições e versões, os absurdos ditos por Carvalho ecoam ora como verdade ora como a mais pura fábula. Ao explorar as nuances (e a falta delas) da política de maneira extremamente crítica, Henry nos pergunta: quais dimensões de teatralidade e ficção estão contidas nos consensos que operam como verdade na nossa sociedade? Ao ser parte constitutiva da política, poderíamos entender a ficção como uma ferramenta para a reinvenção da realidade?

Ana Roman, curadora do Pivô

 

Assista os trabalhos na íntegra

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