PT | EN |
MENU
FILTROS
MENU
Blog
19:28 - 17/10/2023
ULTIMA ATUALIZAÇÃO::
[pivô satélite 2023] entrevista com violeta mansilla

Ana:  Violeta, obrigada pelo tempo, atenção e colaboração para o Satélite. Gostaria que você contasse um pouco de você e do UV.

Violeta: OK. Primeiro, bom dia a todes. Obrigada por este convite a VO. Eu sou Violeta Mansilla, sou curadora argentina, de Santa Fé, e me estabeleci entre Santa Fé e Buenos Aires. Trabalho com diferentes grupos de artistas e diferentes projetos curatoriais que têm muito a ver com performance em vídeo em geral, mas também com questões históricas ou sociais bastante específicas.

O UV é um projeto que começou em 2015 em Buenos Aires, junto com um grupo de artistas, uma dupla de artistas de nome Lulilauti. De início, alugamos uma casa em Villa Crespo para funcionar como um estúdio artístico, residências e ter um espaço pequeno para poder fazer mostras ou projetos que tivessem relação entre performance e as artes visuais.

Começamos em 2015, convidamos a Básica TV, uma equipe composta por 3 artistas uruguaios para fazer aqui a primeira residência. Trabalhamos por cinco anos nessa configuração inicial.

UV tinha como característica fazer várias exposições por mês. O primeiro e o segundo ano que ficavam entre a performance, o vídeo e a festa. Era uma casa onde conviviam muitos artistas, curadores, empresários, não só da Argentina.Durante esses anos participamos de várias feiras, algumas internacionais como Miami, Nova Iorque, Lima, no Chile. Tínhamos uma parte comercial, que nos ajudava um pouco a sobreviver e uma parte mais direcionada à projetos.

Em 2020, fechamos a casa em Buenos Aires e encerramos a parte comercial da galeria, deixamos de vender a obras e focamos ainda mais em fazer projetos específicos com alguns artistas.

No ano passado, final de 2022, abrimos uma sede em Santa Fé, em uma cidade que fica a 450 km ao norte de Buenos Aires, mantendo este formato de casa. Alguns artistas que vêm e podem visitar a casa e fazemos exposições com artistas Santafesinos e também de toda Argentina e também de outros lugares que vêm nos visitar. Não temos uma agenda fixa; o formato é mais permeável e mutável às necessidades da cidade. Isso é como de praxe na UV.

O interessante, de UV, foi que não só trabalhamos com relação aos grupos da Argentina, como tivemos a possibilidade de nos conectar muito com outros grupos de artistas e projetos no Chile, Colombia, Porto Rico, entre outros. Nós tínhamos um trabalho latino-americano bastante amplo e que foi muito interessante porque podemos conhecer outras formas de produzir e nos relacionar.

 

Ana: Quais são os projetos futuros da instituição? O que que vocês estão fazendo?

Violeta: Bom, agora abrimos o projeto em dezembro de 2022, fizemos uma projeção de vídeos de artistas da província de Santa Fé, com mais de 25 artistas. E foi interessante poder reunir a produção em vídeo de toda a província. É uma província na qual o vídeo não tem tanto impacto. A pintura e o desenho são predominantes, o que tornou a pesquisa interessante.

Depois fizemos mostras mais curtas com artistas que vinham visitar. Agora temos uma mostra de um artista local, que se chama Eugenia Suárez.

 

E, em seguida, outra exposição de uma artista que tem mais de 40 anos e que ainda não recebeu tanta visibilidade. Por fim, faremos a segunda edição desses vídeos de artistas da província e outra mostra com uma artista e ativista chamada Rubí.

Ana: Gostaria de pedir que você falasse um pouco do trabalho que integra o Satélite? Como foi o processo unto a Florencia e Emilio?

Violeta: Bom, o trabalho que estamos apresentando, Ronquidos Oceánicos II, é um trabalho de Emilio Bianchic e Florencia Rodríguez Giles. Emilio é um artista com o qual trabalho desde 2015, ele faz parte do grupo Básica TV. A especialidade do Emilio são os vídeos, e foi um dos primeiros artistas de vídeo que me chamou a atenção. Ele trabalha com bastante humor; faz, sobretudo, paródias. Mesmo com pouco recurso para produção, ele faz vídeos que têm bastante conteúdo e que são politicamente fortes.

Trabalhei bastante com Emilio, durante 7 anos, e com Florencia também a conheci, mas fazendo mais performance. E fiquei muito interessada em sua proposta de trabalho, ela sempre trabalhava com pessoas que tinham questões relacionadas à saúde mental ou problemas de mobilidade.

Por sua vez, Emilio e Florencia começaram a trabalhar juntos em 2017 e começaram a fazer uns vídeos submersos e mergulhando. Um dos vides foi exibido na Bienal de Performance: o público era convidado a deitar em um lugar cheio de colchonetes e assistir ao vídeo. Para mim, foi uma experiência encantadora poder ver aquilo; na duração do filme, eu consegui desligar do mundo.

 

Ronquidos Oceanicos- Emilio Bianchic & Florencia Rodriguez Giles

Quando Pivô me convidou a curar o Satélite, logo lembrei deste projeto de colaboração e achei que fizesse sentido convidá-los. Quando falei com eles, contaram que haviam filmado nas Ilhas Cayman, no ano passado, dentro de uma residência. Haviam feito a filmagem da parte 2 de Ronquidos Oceánicos. Então convidei-os para trabalhar neste material.

Dei carta branca a Emilio e a Florencia, porque confio muito no trabalho deles. Não sou muito de me meter nos trabalhos dos artistas, senão somente façam e quando estiver pronto o revisamos juntos e por aí fazemos alguns ajustes, mas, sobretudo, com liberdade. Liberdade para a criação. E foi surpreendente. Eu gostei.

Ana: Também achei bem interessante. O trabalho é permeado por uma crítica ambiental e social.

Violeta: Sim, as estruturas sociais e políticas que sempre que são e políticas estão sempre presentes nos trabalhos de Emilio e Florencia. Neste trabalho, eles se referem a espaços que são apropriados culturalmente por investidores internacionais e que, em seguida, acabam esvaziados. A população local não usufrui das estruturas criadas. Quando os artistas vão para o fundo do mar, há também uma militância da água e do que estamos destruindo e que não notamos – como todas essas ilhas de coral que são vistas brevemente na filmagem. Ilhas vão desaparecer, serão ilhas de plástico. Eu poderia dizer que é um filme de terror.

 

Ana: Junto ao UV, chamamos o Arte Pará para curar o Satélite. Foi um encontro bem interessante e também inusitado. O que você achou?

Violeta: Eu acredito que foi uma grande surpresa trabalhar com Arte Pará ,que está no norte do Brasil. Foi interessante, porque foi um modo de descentralizar uma visão de Brasil que temos mais contato – centralizada em São Paulo e Rio de Janeiro. Foi importante, pois possibilitou conhecer outras formas de produção e outras estéticas de produção. E o trabalho do Ramón, quando vimos o final, não pude acreditar na relação que havia com o trabalho de Emilio e Florencia sem termos combinado nada. Ramón falando um pouco sobre os manguezais, e tudo que acontece acima d’água, Emilio e Florencia falando sobre subterrâneo, sobre o subaquático, e entendendo também que os manguezais são necessários para os recifes de coral. Trabalhar com Vânia Leal e Laura Rago foi muito bom também; sempre muito generosas em seus diálogos e em compartilhar. Foi uma experiência muito enriquecedora para todos, para os artistas e para mim também.

0
    0
    Carrinho de Compras
    Seu Carrinho está vazioVoltar à Loja