From July to August Pivô will welcome Spanish artists participating in Residência El Rachito, a program of the Matadero Cultural Center in Madrid. The program’s objective is to create bonds between the artistic communities in Brazil and Spain through interaction between visiting Spanish artists and Brazilian artists that frequent the Pivô space, as well as its public. The partnership between Pivô and Matadero originated from the two institutions’ shared function in hosting projects that examine the relationships between artistic proposals and the contexts in which they are set, based on a multidisciplinary perspective.
The selected artist are: Ana Belén López Plazas, Marta Muñoz Legido, Natalia Domínguez, Pablo Santacana and Raúl Díaz Reyes.
O Pivô tem o prazer de receber os artistas espanhóis participantes do programa de residência “El Ranchito” do Matadero-Madrid. Após um mês de trabalho no espaço e de investigações variadas pela cidade de São Paulo, Ana Belén López, Marta Muñoz, Natalia Dominguez e Raúl Díaz Reyes apresentam o resultado desse processo. A residência “El Ranchito” que teve sua primeira etapa em São Paulo e se desenvolve em Madrid, tem como objetivo criar laços entre as comunidades artísticas do Brasil e da Espanha através do convívio entre os artistas espanhóis convidados e os brasileiros que frequentam o espaço do Pivô e seu público. A parceria entre o Pivô e o Matadero se articula a partir dos pontos em comum entre as duas instituições, que recebem projetos que investigam as relações entre as propostas artísticas e o contexto em que se inserem, sempre a partir de uma perspectiva multidisciplinar.
Abaixo os relatos dos artistas residentes sobre seus trabalhos e a experiência em São Paulo:
Marta Muñoz + Pablo Santacana
(Vendedores de Fumaça)
Apresentamos o projeto como uma experiência de aproximação ao tropical e as lógicas que definem sua construção, e sucessiva transformação, como identidade deslocada e adaptada à lógica do mercado. Nesta primeira fase, atuamos como agentes perceptivos do imaginário tropical, recopilando informações em forma de objetos e imagens, que foram tratadas posteriormente em distintos graus de alteração: objetos encontrados, objetos com intervenções, objetos reproduzidos. Entendemos o Pivô como a origem de coordenadas, como o ponto desde o qual partíamos e ao qual voltávamos em nossas visitas de campo. Será através da mostra em esse espaço que intensificaremos a relação com outros artistas e com o público, para abrir para a crítica e reconstruir o discurso que costura o material compilado.
Raul Diaz Reyes
SP14
[Tive a oportunidade de desenvolver meu trabalho em São Paulo ao longo de varias estadias nos últimos anos, sendo assim sinto-me fortemente vinculado à cidade, e acho que minha obra tem sido influenciada por ela. Desde Madrid venho acompanhando com grande interesse a evolução do Pivô. Trabalhar nesse espaço cumpriu minhas expectativas; encontrei um lugar muito dinâmico com uma idiossincrasia única, que convidou-me a gerar uma obra que dialoga com o espaço.]
SP14, a obra que apresento na exposição, é conseqüência do trabalho iniciado em 2013 em Nova York. Ele reflete a respeito da relação do ser humano com a cidade, adentrando-se no urbanismo contemporâneo e questionando nossa relação com ele.
Partindo da citada abordagem, o trabalho vem tomando forma através de uma peça escultórica em alumínio de vinte metros de comprimento, que pretende transgredir o espaço expositivo; convidando o visitante a refletir sobre seu contexto, e provocando questionamentos em torno da sua relação com a obra. A peça espelha ,através suas duas cores, a constante luta entre concreto e natureza na tão presente na cidade de São Paulo.
Natalia Domínguez.
O conjunto de peças que apresento no Pivô podem ser interpretadas como uma serie de aproximações, ensaios e confissões de um todo que ainda mora longe de uma conclusão fechada, mas que pretende em primeiro lugar, refletir sobre as formas de fazer e falar de arte, seja desde a análise do próprio fazer artístico, como do enfrentamento entre obra e artista, ou partir de uma reflexão sobre a narratividade e institucionalidade da História da Arte Contemporânea.
Em todo esse emaranhado, o Pivô (que não é apenas esse espaço “Pivô”, mas também a representação de todas as coisas encontradas, processadas ou rejeitadas, colecionadas sob esse nome) tem atuado, como seu próprio nome incita, como centro nevrálgico e espaço acumulativo de um caos criativo que pretende seguir gestando-se no Matadero Madrid até encontrar sua forma definitiva.
Ana Belén López
“Uma cartografia sobre o que se diz, o que se cala e quem silencia”
Uma cartografia sobre o que se diz, o que se cala e quem silencia é o nome que recebe a pesquisa em desenvolvimento ,dentro do programa El Ranchito-Matadero Madrid . A primeira fase realizada no Pivô, consistiu na aproximação entre minha prática e o espaço público formal e informal da cidade de São Paulo, resultando em um primeiro estudo sobre as relações de vizinhança e diversidade que se dão no espaço da calçada, que outorga importância à rua, é onde as pessoas se movimentam, vivem e interagem.
Ao longo do mês de julho realizei uma investigação informal das calçadas paulistanas, estudando desde os seus percursos diários pela cidade, até as visitas programadas a favelas e loteamentos irregulares. Compilando recursos bibliográficos de fontes diversas (livros, artigos, conversas, canções, fotos, hashtags, pessoas, filmes, apps, gps, texturas, colares, lendas urbanas, mapas…) que exemplificam a impossibilidade de simplificar a realidade urbana; e que nos obrigam a afrontar a realidade complexa das questões transversais à disciplina arquitetônica tradicional, entre elas: as políticas, econômicas, energéticas, atmosféricas, emocionais, sexuais, tecnológicas, legislativas…
O estudo das práticas urbanas deve ser afastado de qualquer dogmatismo , tendo isso em mente , a experiência no Pivô foi o ponto de partida para uma pesquisa cujos resultados imateriais tem ultrapassado minhas expectativas iniciais. Durante essa estadia foram criados vínculos pessoais que enriqueceram minha pesquisa científica e abriram novos caminhos para a pesquisa artística.