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Exposição
PROGRAMA DE EXPOSIÇÕES 2022
25/03 - 25/03/22

Levando em conta a quebra de ritmo e o efeito das contingências da pandemia de Covid-19 – não só em termos operacionais, mas também sensíveis e relacionais -, em 2022 optamos por seguir aprofundando a investigação ao redor do uso que os antropólogos Marisol de la Cadena e Mario Blaser, fazem do termo pluriverso, iniciada em nosso programa de 2021.

 

Em seus estudos, os dois pesquisadores advogam por “um mundo em que cabem muitos mundos”, a partir de uma metodologia capaz de abarcar ecologias e práticas transversais a universos heterogêneos, humanos e não humanos. Neste sentido, a exposição Vuadora de Paulo Nazareth, que abre o ano ocupando os dois espaços expositivos do Pivô, com curadoria de Diane Lima e Fernanda Brenner, funciona como fio condutor para os projetos individuais e coletivos que a sucedem. Em seu trabalho, Nazareth questiona o que configura ideias de origem, identidade e pertencimento e complica deliberadamente qualquer possibilidade de separação simples entre o que é “daqui” e o que é “de fora”, revelando a violência estruturante do que o mundo ocidental entende como realidade.

 

Originalmente prevista para 2021, a exposição da artista Ana Vaz foi um dos projetos atravessados por uma significativa dilatação temporal em seu processo de realização. Vaz – brasiliense que reside entre Lisboa e Paris – estava no Brasil em pesquisa e filmagens da sua nova obra audiovisual quando se viu impedida de voltar para a Europa. Em visita à Brasília, onde vive parte da sua família, a artista realizou diferentes incursões ao zoológico da capital federal e acabou por elegê-lo como ambiente principal de seu filme, aproximando-se dos diferentes animais que lá habitam. Em ‘É noite na América’, filme comissionado pelo Pivô, acompanhamos a história e o cotidiano de Macau, uma ariranha nascida em Dortmund na Alemanha e transferida para o zoológico de Brasília. No filme, somos levados, em uma abordagem experimental e não linear da imagem em movimento, a refletir os efeitos visíveis e subjetivos do colonialismo em diferentes corpos, territórios e espécies.

 

Em paralelo à individual de Ana Vaz, o Pivô, em parceria com a KADIST, recebe exposição coletiva curada por Yina Jiménez Suriel. Combinando trabalhos da coleção da instituição com a produção de jovens artistas brasileiros e caribenhos, o fio condutor da mostra são as ferramentas estéticas emancipatórias criadas por distintas comunidades cimarronas ao redor do mundo, e o modo pelo qual tais ferramentas possibilitam a geração de diferentes imaginações e horizontes políticos para a gestão do poder a partir de perspectivas não binárias ou “estáveis”.

 

O programa do Pivô de 2022 insiste na ideia de que respostas possíveis ao estado de crise em que nos encontramos dependem antes de tudo de uma revisão propositiva dos alicerces do presente global, para que o modelo estabelecido pela modernidade colonialista seja um entre os muitos muitos mundos possíveis e a não mais a estrutura que os invalida.

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