Lazara Rosell Albear (Ciudad Habana, Cuba, 1971) é uma artista cubano-belga dedicada à pesquisa, performance e produção de projetos, eventos e filmes cross media. Ela é baterista, bailarina/performadora, intérprete, artista visual, cineasta e poetisa. Seu objetivo é explorar e melhorar nosso conhecimento experimental, além dos estereótipos usuais, expansão em diferentes níveis, em diferentes camadas. Ela explora a crossmediality, interatividade e entrada/saída de mídia e se esforçando pela inovação, descoberta, fusão, colaborações em contato com a integridade e em serviço. A evolução nos trouxe ‘novos’ meios para trabalhar com computadores e semântica digital, vídeo e 3D, o que dá novas abordagens e amplia os paradigmas nos quais podemos nos expressar. Mas também meios tradicionais como a dança, a música, os conceitos teatrais são usados em contraponto. A sua utilização em combinações relacionais cria possibilidades exponenciais e performances totalmente imersivas dentro e fora.
A artista participou da mostra de vídeos realizada em paralelo à itinerância de Oriana, individual de Beatriz Santiago Muñoz no argos, em 2023.
Nos últimos meses, Fernanda Brenner, diretora artística do Pivô e Niels Van Tomme, curador do Argos, instituição cultural localizada em Bruxelas (Bélgica) colaboraram com a artista Beatriz Santiago Munõz na criação de uma nova versão instalativa de Oriana, o primeiro longa-metragem da artista, que data de 2022. Após uma apresentação inicial no Pivô, em São Paulo, em mostra paralela à 34a Bienal de São Paulo, Santiago Munõz filmou cenas extras, que foram adicionadas ao material original. A nova versão espalha-se por todos os andares do edifício do argos e permanece em cartaz até 7 de maio de 2023
Oriana baseia-se no livro As guerrilheiras, da escritora feminista Monique Wittig (1969). Desde a sua adolescência, a artista revisita o ambiente pungente criado pela autora francesa e, nos últimos anos, dedicou-se a reinterpretá-lo neste longa-metragem aberto e processual, em que mulheres importantes na comunidade e na vida de Santiago Muñoz são convidadas a habitar um espaço-tempo indefinido, proposto e conduzido por ela.
Em As guerrilheiras, Monique Wittig subverte sua língua materna para descrever as agruras de uma tribo formada por corpos lidos como femininos que se levantam contra a semântica do patriarcado e suas implicações. A autora é uma das primeiras a questionar – já nos anos 1960 –, a heterossexualidade e o sistema de gênero tidos como naturais, rechaçando-os ativamente ao propor uma transformação das relações comunais a partir da criação de uma gramática que escapa à programação binária original. À sua maneira, Beatriz Santiago Muñoz encena uma espécie de tradução visual deste universo no qual a linguagem já não dá conta destas entidades e presenças híbridas, que tensionam e desdizem as palavras dominantes.
Como desdobramento de Oriana, realiza-se a mostra TV ARGOS@ Pivô, que ocorre simultaneamente na Galeria Vitrine e no argos. O programa reúne a produção de artistas mulheres – Annabelle Aventurin, Ardélia Istarú, Lazara Albear Rosell, Ursula Biemann – que, com suas especificidades e contextos, aprofundam, e trazem outras perspectivas, para as questões levantadas por Santiago Munõz em em experimentações visuais-performativas.