Em passagem por Salvador, RitaGT e Thiago Moura, ela artista visual portuguesa e ele chef de cozinha afro-brasileiro, ficaram instalados no Quarto do Piano do Pivô Salvador para uma curtíssima residência artística. Ambos procuraram o Pivô a fim de darem continuidade a uma investigação que foca na ação e ritual de cozinhar como um ato performativo, político e artístico. Atuam através da construção de situações para que possamos, no coletivo, partilhar histórias pós-coloniais e analisar processos de esquecimento precoce. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Com a gastronomia e a arte contemporânea como meios do fazer e do pensar, a residência felizmente acabou por aproximar o Pivô Salvador da Casa de Angola na Bahia e culminou no início da noite do dia 24 de outubro com o evento “Ativação Açorda Pós-Colonial”, na Casa de Angola na Bahia e com seleção musical de DJ Fábio Lima, conectando Angola, Brasil e Portugal. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
RitaGT e Thiago Moura tiveram a oportunidade de realizar a construção de uma situação experimental como esta na Documenta de Kassel de 2022. “Tendo como matriz as relações históricas que nos unem (Brasil, Portugal e a diáspora africana), queremos reconectarmo-nos com a nossa ancestralidade e contribuir para re-escrever e re-pensar esta história. Nesse sentido, temos criado uma ponte entre Bahia e Viana do Castelo, onde residimos, aprofundando esta intersecção entre espiritualidade, culinária e património cultural. As nossas pesquisas e investigações debruçam-se nos rituais e atos de cozinhar, nos utensílios usados, na ligação com a terra em todos os sentidos, particularmente através da argila e da cerâmica assim como dos alimentos. Qual é o lugar da diáspora destes alimentos e objetos? Que histórias eles nos contam sobre a ancestralidade e conexões seculares que uniram, oprimiram, obliteraram diversas culturas? O que sobreviveu e sobrevive desses rituais da cozinha e do ato de sentar à mesa e comer?” (Rita GT e Thiago Moura).