“Uma deusa, uma louca, uma feiticeira – ela é demais”, já diria a célebre canção dos anos 1990. Quando observo a produção de Laura Fraiz, imediatamente me recordo da canção. Qual a razão da lembrança?

Talvez isso se deva à forma como ela imprime uma imagem afirmativa da vida nos seus muitos vídeos onde joga com diferentes culturas visuais e musicais em torno de sua história familiar – entre o Brasil e a Venezuela; talvez isso se deva à maneira como ela filma seu corpo e se apresenta de forma dominadora quanto às possíveis expectativas de sua autoimagem como mulher; ou então, por fim, essa letra de música me venha porque me chama a atenção a maneira como ela experimenta com as linguagens audiovisuais entre o videoclipe, o cinema trash de ficção e o documentário.

Seu novo trabalho desenvolvido para “Sexo, mentiras e videotape” se chama “No es una novela”. Dividido em três episódios, acompanhamos as desventuras da artista em torno de um arquivo de suas próprias imagens. O que acontece quando a Branca de Neve se transforma em Malévola? O que sucede quando o objeto do voyeurismo se transforma em primeira pessoa do singular? Neste mês de julho, caberá ao público refletir sobre essas questões y otras cositas más.