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19:36 - 17/10/2023
ULTIMA ATUALIZAÇÃO::
Correspondência aberta #2

Correspondência aberta é uma série de 5 postagens de blog proposta pela artista Ana Cláudia Almeida como parte da programação de encerramento do ciclo 2 do programa de residência Pivô Pesquisa, Desktop Aberto. A artista propõe trocas de imagens entre ela e 5 pessoas convidadas, cujo trabalho já acompanha e com quem já possui diálogo aberto.

 

Cada pessoa convidada envia 10 imagens e recebe 10 imagens de Ana, e ambas criam uma pergunta para cada imagem recebida, a qual é respondida pela mesma pessoa que a enviou. Foram convidadas para esta troca, a curadora Ariana Nuala e artistas Ana Clara Tito, Carla Santana, Iagor Peres e max wíllà morais.

Max Wíllà Morais, terceira semana quarentena - vaso e líquido 3, lápis de cor sobre papel tingido e cola de trigo, 2012-2020

Ana Cláudia Almeida: Eu estive animada para todas as 5 correspondências, só convidei pessoas que eu acho interessantes para trocar e que eu já tenho alguma proximidade, mas confesso que andei especialmente animada para a escrita contigo, max. Você gosta muito de conversar e eu também e às vezes entramos numas divagações tão gostosas e tão soltas. Olho para a imagem que você enviou e de cara me chama atenção a luz do registro, me parece que a fotografia foi feita no chão, no sol e isso dá uma cara de dia pro trabalho. Gosto como a sobreposição das folhas me soa como um gesto espontâneo, e as rugas do papel suavizam a geometria dos retângulos. Uma folha de papel é muito leve, se bater um vento voa, tem umas formas ali que se bater um vento voam também. Quero aprender contigo como voar mais no trabalho com o vento que bate nas coisas, como você faz? 

 

max wíllà morais: Conversar e publicar a conversa tem um tom de novidade para mim, acho que para você também, não é?  Gosto tanto das duas coisas: me corresponder e imaginar um público lendo a gente. Sei lá, e gosto ainda mais do convite vindo para esse contexto de imaginar a amizade, de olhar as palavras, rever fotos, pinturas, desenhos e esperar por essas coisas soltas que fazem parte dos encontros. Valeu mesmo.

Sobre o desenho eu tava na quarentena quando fiz esse, e fiz com uns papéis guardados por 8/9 anos, meio esquecidos meio lembrados (risos). Quando eu os revi no período de isolamento decidi tingi-los com tintura de língua, deixando todos molhados e deitados direto no chão para secar; depois ao desenhar sobre eles, e ao tirar foto, o vento os levava a todo tempo. E assim estávamos num dia comunicativo sem texto nem palavras. Conversa que de início não era pública, estávamos eu e o Rex e o vento passando por todos os lados. Nesse dia tinha muito sol também… e Ana, exatamente, estava tudo leve, silencioso e existia notícia entre nós: esperar o vento amenizar, ao mesmo tempo pegar as folhas para que elas não fossem embora de vez. E ali deitados estavam vaso e líquido… e eu e Rex no quintal toda hora com sede nesse dia quente demais. Lembro agora quando eu era criança, ficava muito dentro de casa, e queria ser um cavalo alado, beberrão, depois uma voadora, com uma cauda de sereia. Desde então imagino prolongar o vento no corpo através de alguma ação espontânea.

Rua da Teixeira, 2014

mwm: Oi Ana, agradeço o convite :] y queria começar falando da inclusão do Cláudia no meio do seu nome… no Ana Almeida. Traz uma pronúncia diferente… confunde o referencial às vezes né?! A troca do nome… Já troquei algumas vezes de nome… Assim, fico até imaginando se as pessoas vão se perguntar de onde essa outra maneira de “falar sobre”, “ver sobre”, “sentir sobre” vem… tal essa vibração da foto aí em cima  traz também (misturando algo)… por aí fico pensando na mudança do nome como também na mudança do ponto de vista… o que acarreta, sabe? Qual viagem? As trans-posições possíveis… Poderia arriscar aqui livremente que uma abstração tem um tanto desse caminho: um ponto de vista e a mudança frequente de seu referencial… não sei. Daí queria saber como você imagina o nome dos seus trabalhos e a sensação (poderíamos dizer “uma sensação abstrata”?) daquilo que eles se referenciam.

 

ACA: Pra mim pelo menos é assim, pontos de vista mudando de referencial, consigo me relacionar muito com isso. Não sei muito o que a mudança de nome acarreta, minha mãe vai ficar brava com certeza, ela e meu pai me deram esse Cláudia depois do nome, em homenagem ao antigo pastor da igreja do meu pai, disse que depois se soube que ele não prestava e que o significado de Cláudia era manca. Além de não achar sonoro, não gostava do nome também por causa de toda essa história, minha mãe também não. Ela acredita muito na força que a nomeação tem sobre as coisas, numa outra igreja que ela fez parte trocar de nome também acontecia, uma coisa mística de você se ressignificar. Com certeza ela não vai gostar de eu usar o Cláudia, mas andei pensando nisso da falha que é associada ao manca. Eu tenho dois pinos de metal no meu fêmur esquerdo desde o meus 10 anos, que foi quando eu quebrei ele, quem manca está prosseguindo. Não precisa ser perfeito, e o que é perfeito também? Meus trabalhos na maioria não tem nome, talvez isso faça eles perderem parte do poder que poderiam ter, sendo sem nome, mas acho que isso também os coloca em um lugar de suspensão e de continuidade. Nem tudo é sobre poder.

 

Max Wíllà Morais, bicho bicha pedra, fotografia 35mm, 2019

ACA: Não sei o que é isso, mas dá vontade de capturar, apesar de que você já capturou com fotografia. Parece que o ponto escuro criou um halo em volta de si e vai iluminar por onde passar, como um vagalume, só que menos dramático, sabe? Dá vontade de capturar com a boca, mas se fosse um inseto eu seria picada, será? Você já se machucou fazendo algum trabalho? 

 

mwm: Sinto que nesse dia essa coisa apareceu e depois sumiu. Parece um olho ou uma sujeira da câmera também. Tava perto de mim, e por ela eu não estive caçando para que em algum momento fosse capturada, sabe? Mas sim, estávamos perto, e ela poderia ficar na sua boca sem te picar, possivelmente. A bicha e pedra andava perto do quarto… e eu mexi a câmera para que a fotografia saísse sem nitidez. Algumas vezes surgem maneiras de mostrar e de esconder que não deixam de ser um dos aspectos da passagem de uma coisa para outra – “desta” para “aquela”. Essa halo também: shade and shadow…

Teve uma vez que eu deitei na casa da minha vó (não sei), e uma lacraia entrou na minha boca. Ela não me picou, por sorte. Estava dormindo e cuspi. Nessa época eu não trabalhava, só ficava sonhando. Hoje quando eu faço algum trabalho e me canso, preciso logo passear, relaxar… E se já me machuquei alguma vez foi mais por tá fazendo ações simples: descascar, costurar, entortar garfos, segurar por muito tempo uma corda, revirar os olhos etc.. aquilo que, para mim, tem uma felicidade mínima, pela qual posso perceber a importância das coisas.

 

mwm: Essas fotos 35mm são suas? Não conheço esses trabalhos…pode me dizer mais? Tá tudo dourado, branco e tem um braço… ou melhor, dependendo de “onde” a gente olha pode ser só mais uma carne num trem, ônibus, espaçonave… Você costuma se interessar ao fazer suas pinturas por alguma noção carnal? ou mesmo no volume e na materialidade próprias da sua pintura há alguma intenção de ir para o além da matéria? Sinto que vc me leva para uma gravidade (naquilo mesmo ambíguo entre o grave e o gravitacional).

 

ACA: São minhas sim, eu fiz em 2014 eu acho (ou 2015), nunca considerei trabalhos, tão mais no lugar da memória pra mim. Não penso muito em carne, penso em corpo, mas não tanto carne, o corpo está mais diretamente conectado com o exterior, com o que o cerca, do que a carne. A carne é mais lida como inanimada que o corpo, que anda, circula, conhece. A ação já é além da matéria, eu vejo. Eu gosto muito dessa palavra, grave. Tem uma dramaticidade né, me contempla. O gravitacional gera um campo, gosto de gerar atração com o que eu faço.

ACA: Tenho pingado óleo essencial de lavanda no travesseiro para dormir melhor, tem ajudado. Tenho sonhado muito, noite passada acordei lutando com alguém num sonho, e dando socos no ar na vida real. Cidreira me dá super sono e foi o primeiro alimento que eu ingeri depois do leite materno, 15 dias depois de nascer, nenhum outro sabor tem mais gosto de casa do que esse pra mim. O que tem gosto de casa pra você? Já ouviu falar que conforme os anos vão passando a gente precisa de menos horas de sono por dia? Lembro que você me contou que estava tentando perder o hábito de dormir de tarde, tem conseguido? 

 

mwm: Ultimamente prefiro ir para cama no máximo às 20h, máximo às 23h, e acordar umas 5h, estourando 6h. Dormir à tarde é muito gostoso, mas realmente não tenho feito porque senão à noite o sono fica “custoso” demais. Minha família fala que “custoso” é o que demora a acontecer e quando acontece vem com certo nível de sofrimento. Eu sonho muito, muito mesmo. E sinto que sonhar lutando gera uma canseira, ação custosa, horrível. Às vezes me vejo em algumas natações oníricas também, talvez porque eu não saiba nadar e me esforce bastante para isso. Agora, sonhar com água limpa… ouvir música, comer comida boa e fresquinha, fruta, ver e subir em escada etc. minha mãe diz ser favorável.  Daí o gosto de casa precisa estar envolto por esse sabor favorável… e me sinto à vontade sem ventilador, no escuro, com cheiro suave e… amo ter janela para olhar as estrelas, costumo dar bom dia para o sol, a luz e a Divindade Suprema que eu acredito. Assim, a casa precisa ter pouco barulho para eu sentir algum gosto de casa, que não precisa ser a minha, mas qualquer uma, em qualquer lugar e situação – onde as pessoas possam conversar, ficar bem, em silêncio, sem regras demais.

Árvore, 2014

mwm: Um dia te falei que eu estava vendo muita paisagem nas suas coisas… e no outro você desconversou citando uma professora que dizia que na pintura e no desenho abstrato agente não fica tentando achar figura, formas, signos reais… Fico sempre querendo te ouvir mais sobre isso, até porque você sendo falante é também bastante contemplativa, cheia de pausas, silêncios etc. Uma paisagem me traz muito isso e não estou falando da noção clássica de paisagem sabe?, mas talvez isso que eu esteja tentando nomear esbarre na noção tradicional de contemplação: certo vazio, perda de pressa, um estado presentificado mas ao mesmo tempo podendo ser arrebatado por cores, sons, texturas… aberto a algo que surge e que refreia a ansiedade. Faz sentido?

 

ACA: Aii a Iole de Freitas, reclama quando os artistas da aula dela ficam procurando bicho, nuvem nas coisas dos outros, e eu confesso amava ela por esses esporros quando participava das suas aulas. Tem paisagem a beça, não dá pra negar, nem quero, me referencio muito nelas, mas o que eu gosto do exercício de não associar diretamente à figura é se deixar permear pela forma antes de fazer associações, se deixar levar pelo novo sem se agarrar nos contextos comuns da nossa mente. Eu pauso porque penso mais devagar que a minha fala, e existem uns hiatos entre um pensamento e outro, que naturalmente são percebidos na fala, tem gente que odeia, mas não consigo evitar. A pausa gera uma certa expectativa, né? No meu dia a dia não gosto muito disso não, mas na pintura sim, essa abertura…

Doja Cat

ACA: Essa é a Doja Cat? Eu sou muito atrasada nas novidades da música, geralmente conheço as coisas pelo menos uns 4 anos depois que fizeram sucesso. Acho que algumas músicas me causam sensações emocionais que quero repetir e repetir, tipo uma droga às vezes parece. Você sente isso com a música, de mexer com os estados emocionais de uma maneira muito precisa, e muito única também, porque cada música é tão ela mesma? Porque você ficou tão encantada pela Doja? 

 

mwm: Sim, é a Doja Cat. Não sei nem se o nome dela é esse, e não importa, acho fantástico saber que esse é o nome que ela escolheu, e tem cat/gato no meio. Acompanho frequentemente videoclipes no youtube e vejo as cantoras pops negras norte americanas me influenciando bastante e imagino a partir delas um monte de ação, até sobre como mostrar e o que esconder quando estamos em público. Por exemplo, vejo na Beyoncé, Nicki Minaj, Solange Knowles muita experimentação vocal, certo tipo de exposição trabalhista, emprega muitas pessoas como também vejo melismas sofisticados, desenho, cores, texturas, figurino, cenas experimentais e muito brilho. As apresentações dessas cantoras acontecem em ambientes mundiais, predatórios quase sempre, ao mesmo tempo elas conseguem ser tão debochadas e passar alguma felicidade momentânea. Sei lá, é muito complexo, daria para viajar na conversa. Fama e fortuna são condições que imagino e por elas costumo elaborar o que pode ser a riqueza (não apenas o ouro) e o reconhecimento (não somente a fama), sem necessariamente precisar passar por uma produção doentia do to show nem cair na preguiça do to hide.

Tem um vídeo da Doja Cat que ela tá vestida de vaca e diz que é uma vaca, e imagino a relação de abate animal ao mesmo tempo que vaca e gato, seres todos preciosos, fazem parte de um convite para o cuidado, apreciação e comida. Eu fico imaginando até onde eu, enquanto artista, tenho um tanto de vaca tal como vejo a Doja sendo nessa música. Eu até tenho uma apresentação em que estou com um chifre nas costas, escondendo meu rosto.

Um show de uma figura pop reconhecida acontece fortemente numa relação de adoração. O meio artístico visual vive tanto disso também: come no sapatinho, engorda, vive, tenta não se expor muito nem se esconder demais. Ao mesmo tempo tem tantas e tantos artistas admiráveis, uns exibidos, outros que se tornam modelos eternos de percepção.Acho que meu ponto seria pensar a distribuição do to show e do to hide também. Isso não deixa de ser aqui uma elaboração inicial, é conversa para outros momentos (risos).

Enfim, existe alguma coisa nas cantoras do pop que atende demais ao capitalismo voraz, o qual estamos todas inseridas, cujo afeto permeia a hiper exposição; ao mesmo tempo, essas cantoras, me trazem reflexões para imaginar o mundo além dessa condição monetária, aquilo que atinge um público e gera um elo mesmo que seja para uma curtição momentânea. Eu sinto que as artistas não-pop costumam ficar muito mais tempo no to hide do que no to show. Mesmo assim, para mim é agoniante imaginar somente o to show… e chato viver apenas no to hide. Por isso gosto de olhar e imaginar desde quem habita o mostrar (por mais tempo que eu) alguma maneira de incluir a minha transformação que vem do esconder: um jeito de perceber a exposição sem regras formais demais, com intenções, envolver brilho, luz, movimento, cor, voz, roupa como também silêncio, “dar costas ao público”, dormir, não ter uma resposta mega formulada, esquecer alguns compromissos eventuais…  to show and to hide.

 

mwm: Eita! Isso pega em mim. Eu costumo dar muita volta e fico em dúvida se o que eu tô falando tá chegando no público sabe? A desistência por esse ângulo… Se estou conseguindo comunicar algo que seja, um milésimo de sensação…  você costuma lembrar da comunidade, de um grupo, de pessoas ao fazer as escolhas em seu trabalho? Desiste facilmente delas (das escolhas e comunidades)? E talvez, mudando um pouco de assunto, mas dentro ainda disso… como foi sua experiência na igreja? O que mais você gostava nela e o que por ela lhe influenciou tanto positiva quanto negativamente…  há também aquilo que você desistiu de se relacionar, é bem provável! Mas, pode falar um pouco sobre essa relação entre comunicação e comunidade no seu fazer? E se tiver tempo fala também como tem sido sua relação com a divindade… desistiu dela? É um problema sem solução?

 

ACA: Não penso em uma comunidade ao fazer escolhas não, mas uma vez que estão feitas penso sim no que isso poderia acrescentar. Quero comunicar liberdade, sabe? Se der um pouquinho isso, já deu certo. Acho que por isso me sinto um pouco apegada à ideia de museu e essas instituições maiores que lidam com o grande público, que foi onde eu tive meu primeiro contato com arte. A maioria das pessoas não vai na galeria de arte, nem naquele espaço alternativo super pra frente que o povo acha que é o ápice da inovação. Quando se vai em algum lugar, vai em museu, ccbbs da vida, essas coisas, e por querer me relacionar com o público que se parece comigo e com a minha família de 20 anos atrás me interesso também pelas mega instituições hiper problemáticas. Só queria que de alguma forma as pessoas soubessem que quem fez as coisas fui eu e não uma patrícia que passava as férias do ensino fundamental na Europa. Ainda não sei bem como fazer isso, mas acho que a vontade de me relacionar já é um primeiro passo, tem muita coisa no meu trabalho pra desenvolver ainda.

Sobre igreja, por incrível que pareça aprendi muita coisa anticapitalista com o mesmo pastor que hoje é seguidor de Bolsonaro e que brilha os olhos com falas neoliberalistas de coach que se tornou, meu pai. Aprendi a valorizar a vida para além do dinheiro e as pessoas também, a importância do cuidado com o outro, do compartilhamento, da valorização do diálogo como forma de se chegar a lugares comuns na vida em comunidade. Assim, a igreja também fudeu meu psicológico de muitas formas diferentes, é uma experiência de vigilância doentia na minha opinião, mas assim psicológico fudido todo mundo tem, então acho que é elas por elas talvez… Mas o que me distanciou da igreja mesmo foi menos as coisas do dia a dia, tipo a tão comentada hipocrisia e escândalos (nossa eu já vi cada coisa rs), ou machismo, mas mais o entendimento do uso do cristianismo dentro de lógicas econômicas globais, da união da igreja primitiva ao estado no surgimento do catolicismo romano, da ascensão do capitalismo junto ao protestantismo, e hoje do uso da igreja para difusão do pensamento neoliberal. A ficha só caiu quando soube que o meu pai tinha se filiado ao PSL, tendo me ensinado sempre que não se colocava político no púlpito, aí não deu mais pra mim real, ficou intragável. Desisti. A divindade não desisti, tenho muita fé, mas é um pouco problema sem solução.

 

Max Wíllà Morais, Hálito com minha mãe Elenice Guarani, 35mm, 2019

ACA: Você tornou visível uma coisa que atravessa a gente o tempo todo e que geralmente não vemos. Muitas vezes eu olho o seu trabalho e penso “nossa era isso que eu queria estar fazendo”, não por causa do resultado visual que isso gera, que obviamente me impacta muito, mas por causa da pausas no cotidiano, queria ter mais disso na vida. Não é todo dia que se cozinha com o hálito de alguém na cabeça, sabe? Mudar o uso das coisas, trocar tudo um pouco de lugar. Me sinto às vezes hiperestimulada pela vista, é tudo bonito, ao mesmo tempo acho que não paro para olhar o suficiente, com atenção. Você tem atenção às coisas que você vê? Sente que seus trabalhos se relacionam com isso? 

 

mwm: Minha mãe costuma dizer ao ver essa foto “como eu estou bonita”. Eu encaro o brinco e o ar brilhando também por certa beleza. Nesse dia ficamos enchendo de hálito algumas sacolas; e tem isso né, entregar a respiração para alguém ou para ficar em algo parece mágico, sendo ao mesmo tempo tão simples. Me parece essencial respirar e fazer esses gestos simples (como diria Diambe da Silva), e imaginar o hálito, que é uma respiração quente, aquecido e fazendo nuvem porque andou pelo mundo e pelo corpo. Tenho aprendido a fazer pranayama: ver a respiração ir ao diafragma (“encher a barriga”), passar pela costela, ir às costas, preenchendo os pulmões, correndo no sangue e voltar para fora do corpo. Quando já do lado de fora, o hálito passando por tanto, se misturando – e a gente ficar misturado por dentro porque o mundo entra na gente e nos convoca a essa ação.  Daí me ocorre perceber essas coisas a partir da sensibilidade. O sensível está presente em cada pessoa, e um dos seus nomes é respiração, essa ação de troca de hálito com o mundo. Agora conversando com você Ana fico imaginando a orientação do ar e do mundo, in-out. E fico feliz quando consigo chamar algumas pessoas para fazer parte de alguma sensibilidade.

Centro

mwm: Não faço ideia de onde seja esse lugar… como só tinha na legenda “centro” vou por esse caminho. De imediato o centro mudou muito, hoje ou ontem ou anteontem fui para lá… daí para voltar para casa foram umas 2h30, acredita? Acho que sim rsrsrs eu quero que o centro seja mais confortável para as nossas vidas sabe?! Sei que você é cria da periferia também… mas, na política, eu acho que o centro precisa mesmo ser dispersivo e mais inconfortável. Sinto que você, politicamente, deseja bastante a dispersão… no seu trabalho você pensa sobre esse movimento político/formal? Caso sim, me diz, demora mais ou menos quanto tempo para dispersar do centro um desenho no papel? E quanto tempo e espaço para dispersar do centro as camadas de uma pintura…

 

ACA: Eu sou toda sobre conforto amiga rsrs. Dispersão é uma questão de conforto, quando as coisas são-estão dispersas temos mais opções de deslocamento, você pode escolher ir para muito longe ou ficar perto. Mas se tudo está em um lugar só, as possibilidades são muito reduzidas e fazer as coisas forçado é tão desconfortável e desagradável, ficar apertado também num lugar hiperconcentrado também não é muito gostoso por muito tempo, só em show do Baianasystem mesmo. No meu trabalho não penso muito nisso pra ser sincera, umas pinturas são bem abarrotadas, mas sempre gosto de deixar a deixa da movimentação ali, não quero ninguém congelado por aperto. Na vida penso bastante nisso, talvez agora que tivemos essa conversa eu pense mais sobre isso na pintura, dispersão é um assunto interessante para tratar nas superfícies.

 

Max Wíllà Morais, o nascimento, lápis de cor e esmalte sobre papel

ACA: Três marcas que provam que aconteceu alguma coisa ali, que você ou alguém se moveu para fazê-las. Algo vivo passou por elas. Você acha que seus desenhos podem ser registros da sua existência? 

 

mwm: Você me deixou com vontade de conversar ao vivo… Porque quando alguém conversa gera uma atividade múltipla e um exercício de criação momentânea conjunta. A escrita e as artes no geral lidam para mim de outra maneira com essa momentaneidade. Elas, com suas diferenças, parecem conjurar primordialmente a concentração da força momentânea… A gente respira para viver, mas quando criamos qualquer coisa estamos dobrando o exercício de respirar para que algo seja prolongado. E prolongar uma força momentânea para mim é extremamente diferente de perpetuar uma ação. Quando eu faço algo quero imaginar, e por esse exercício que estou fazendo com você aqui também, prefiro lidar com o prolongamento: a respiração me lembra que meus desenhos foram feitos com vida, e essa vida passou por mim e vai chegar até alguém ou algo. Daí as cores, textura, brilho etc. para ornamentar uma conversa. São algumas intenções visuais, sonoras, sensitivas de como prolongar a vida sem perpetuá-la. Qualquer papel rasga, mancha, vai esfarelando… e espero que as pessoas sintam alguma coisa que eu não senti, algo que eu não percebi quando elas veem um prolongamento, não uma extensão de mim, mas uma extensão do mundo que passa pelo meu corpo. Conversar ao vivo é bom por isso sabe, porque a gente pode perceber melhor o prolongamento sem a chance de perpetuação (ou ver a promessa eterna não vingar em sua história violenta)… conversar tem um tanto de troca de vida (hálito), de referências nas escolhas para viver de boa, e reunir aquilo que ainda não foi imaginado (conjuntamente). Dessa maneira, quando faço algo costumo ter algum compromisso de prolongar o in-out: partir de mim, comigo, mas por uma ação de passear pelo mundo.

Ana Cláudia Almeida, sem título, 2019

mwm: Fiquei viajando sobre isso de dispersar, mas no seu desenho, com o fundo branco, traz mais vazio (aparentemente) que na pintura…. Quando eu desenho ou pinto no fundo branco parece que a forma fica caindo ou voando num eco temporal e espacial mais enfático… não é o chão, não é necessariamente o fundo do mar, não é totalmente um espaço emocional… entretanto, é algo mais imaginativo? Pré-específico? No seu trabalho que tempo e espaço são esses? Nas suas pinturas as outras cores também podem fazer ou dar espaço ao vazio ou você busca o contrário disso? 

 

ACA: Penso que não trabalho com um espaço específico, mas com espaço. Ultimamente tenho aterrado muita coisa, criado base, relacionado com gravidade na vista frontal. Mas também tenho vistas superiores de lugares outros, tempos estendidíssimos e ágeis, o desenho é um ágil por exemplo, de 1 ano a 1 hora, são meus extremos acho. Uma pessoa que tem sol e 4 planetas em fogo, mas que segundo a astróloga é regida por água na verdade. Gosto da multiplicidade, e mais que isso, dos extremos também, tem trabalhos meus que são muito silenciosos e outros que estão mais para drama puro.

 

ACA: Acho ótimo que você falou que iria chamar sua família para participar da aparição e convidou Aline e Lorran também, naturalmente já eram parte da sua família e eu não sabia. Muito bonito isso, falei com Carlinha e Ariana sobre família também aqui nas correspondências, tipos de família. Você pensa muito nisso, família na idade mais avançada? Ou só em envelhecer num geral… Fiquei pensando também que virando os olhos parece que estão todos olhando pra cima, à espera de algo, é uma imagem muito bonita, todes juntes à espera. O que sua família achou de ter participado do trabalho? Quais as impressões deles? 

 

mwm: Sim a família é um desses grupos extensivos que nos ajudam a entender a passagem aqui na terra. Eu convivo com tantas pessoas, Aline Besouro e Lorran Dias é umas dessas pessoas que estão já um tempo comigo. Com a família sanguínea a gente costuma ter um compromisso “maior”, social, aquele em acompanhar da infância à velhice, mas eu sei que qualquer pessoa pode se tornar um/uma familiar, do mesmo jeito que uma pessoa com o mesmo sangue pode deixar de ser. É um elo invisível e vermelho o sangue, mas tem outras cores e outros jeitos de se formar uma ligação, seja ela temporária, sela ela prolongada. Nenhuma ligação é eterna aqui. Quando eu fiz essa aparição com minha família tínhamos acabado de comer uma carne dourada. Isso de revirar os olhos aconteceu quando o fotógrafo disse “olha o passarinho!”. Por conta disso a gente também revirou os olhos, um tanto de brincadeira, um tanto de deboche, show e hide. Ah, e semanas depois do acontecimento da ação meu pai Aguinaldo Morais disse que se ele “mostrasse para alguém da igreja alguém possivelmente vai dizer que estamos incorporados”. Minha tia Gracilene Guarani, no mesmo dia da ação, disse “revirar os olhos é uma coisa que faço todo dia”. Enfim, acho que todo mundo já fez isso ou faz sempre (risos), é entremeio de cansaço deboche divertimento. Quando houve a reunião a  gente a fez para olhar um pássaro, sabe-se lá, dizem que o olho é uma das janelas do corpo e da alma.

Ana Cláudia Almeida, sem título, 2019

mwm: “Da morte tudo se sabe/ Fato fatídico/ Viver é inevitável/ Mas até que se cale, pare, congele/ Todo corpo vale/ O prazer de ser mortal na proa/ De dar mortal à toa, à beira mar/ Mortal garoa e a dor de ser mortal/ Da morte não se escapa/ Escalope a galope/ Na esquina do destino/ Cavalo marinho/ Até que o coração pare/ Todo corpo é um vale/ Um passe para ser/ Um passe para dar/ Um passe pra sofrer/ Um passe pra curar/ Mortal na proa/ Um beijo mortal/ Um abraço mortal/ Um gosto mortal/ Um cheiro mortal/ Desgraça de ser mortal/ E a graça de estar mortal”. Comecei a ouvir mais Anelis Assumpção depois que você disse que amava… o Taurina é seu álbum preferido é? “Viver é inevitável”… tô sentindo isso nesse seu desenho…

 

ACA: Eu acho que é meu preferido sim, mas gosto de todos os álbuns dela, acho ela uma compositora muito incrível. Eu amo que teve um delay desde que eu te falei isso e você começou a ouvir, tem muitos meses a conversa em que eu disse que gostava, e agora bateu em ti. Amo, tempos da vida. Ouvi Anelis continuamente nos últimos 2 anos, é uma delícia. Acho que esse desenho tem um Q de inevitável sim, não sei se de vida ou de morte, mas nada mais inevitável que vida ou morte, se desiste de um esbarra em outro. Pensei muito sobre morte nos últimos meses, não sei se cheguei a nenhuma conclusão não, mas foi bom pensar, faz bem, é difícil, mas faz bem.

Max Wíllà Morais, peixe, grafite, esmalte e lápis de cor sobre papel, 2020

ACA: Huum parece uma grande transcendência isso, uma coisa que vira outra, tá tudo meio flutuando, já pensou em transformar esse desenho em dança? Me lembra um pouco uma dança profética com véus daquelas da adolescência… Gostava muito quando fazíamos o programa de deformação no Parque Lage e no meio de alguma caminhada você parava e fazia uma posição de dança, e aí continuava. Como transformar a vida numa dança? 

 

mwm: Nossa eu amo muito dançar, eu fazia um tipo de dança quando eu era da igreja que tinha o nome de “dança espontânea”, tá ligada nisso? Tinha também a dança profética, tinha o momento que vinham as línguas de fogo, as línguas dos anjos, as línguas do Espírito. Nossa, como eu amava, eu chorava, me estendia, tanta pirueta, e essas maravilhas todas. Eu me afastei dessa noção cristã de transcendência tem tempo, mas concordo com você, tem toda essa percepção filosófica sobre as diferenças e aproximações entre o plano da transcendência e o da imanência, e a maneira pela qual a existência acontece entre eles etc. Assim, transformar a vida em uma dança para mim tem sido ver a ligação entre o aqui e o lá, o this e o that, o ayé e o orum, o “mundo superior” e o “mundo debaixo” e sobretudo, a ligação atenta à mudança formal que acontece em grupo.

 

Ana Cláudia Almeida, sem título, 2019

mwm: Tô com outra música na cabeça, daí quero saber como a música envolve suas coisas, no dia a dia… o que você tá ouvindo agora? Na composição do seu desenho fiquei lembrando das notas vocais, das mais agudas às mais graves… daquelas que sobem à cabeça e daquelas mais próximas do peito… do estômago.

 

ACA: Agora to ouvindo Mortal à Toa né rsrs. Mas ontem e hoje escutei Venezuela Trains da Ravin Lenae sem parar, inclusive tava ouvindo essa música antes de Mortal à Toa, não sei porque ela está me ajudando muito na escrita, não me distrai e ao mesmo tempo me leva para uma energia de densidade importante para a presença que escrever exige. Os desenhos tem muito ritmo eu acho, não falando dos meus especificamente, mas a prática do desenho pode levar fácil para esse lugar rítmico, acho que um desenho podia ser fácil um beat. Inclusive na faculdade de design fiz um vídeo que era a interpretação gráfica de uma música fiz vários desenhos à mão e depois transformei nessa animação, foi um processo divertido.

Max Wíllà Morais, Roupas preparadas, fotografia 35mm, 2019

ACA: Acho essa fotografia tão melancólica, me dá vontade deitar com as roupas. Num canto, sabe? Dá vontade de chamar muitas pessoas na verdade, para deitar na beirada delas, fazer uma companhia, adoro essa foto. Você se relaciona com coisas? Tava conversando com um amigo outro dia e falei que meu pai me ensinou que a boa da vida é amar as pessoas e usar as coisas, ele disse que acha que não, que as coisas tem sentimentos, eu não concordo. O que você acha? Qual o grau possível de relação e afeto por coisas para você? 

 

mwm: Costumo sim me relacionar com as coisas, e agora, por exemplo, estou fazendo reciclagem dos meus papéis. Sim, concordo com seu pai, acho que as coisas sentem com a gente, mas não é esse sentimento humanitário não, não tem muito a ver com a gente nem necessariamente com nossos princípios, mas tem a ver com um dos princípios da vida que é comunicação e existência: você toca e ao mesmo pode estar sendo tocado (mesmo sem perceber). Silêncio e afastamento também são maneiras contundentes em comunicar… o ato de não responder a alguém que te convoca, não se importar ou se importar demais também diz muito não é? Daí eu acho que minha relação de afeto costuma vir de maneira espontânea, não falo a mesma língua das coisas e muitas vezes não falo a mesma língua das pessoas, eu tenho a língua lenta, embolada, mesmo tendo um pensamento ágil… sou um tanto prolixa também (risos). Enfim, gosto de degustar uma conversa que surge não com a língua das coisas, mas com uma língua que se altera para criar algum grau possível de afeto com elas.

Ana Cláudia Almeida, sem título, 2019

mwm: Lindo esse desenho… Esse elo vermelho… a aproximação… lindo, lindo. Viver é inevitável, olha a melodia voltando… Tem outra música que a Anelis canta que me enche os meus olhos, pela qual aparece a irmã dela que morreu, a Serena Assumpção: “Gosto do que fui quando fui com você/ Que susto foi te perder/ A cheia do rio que sinto/ Se miro a costa/ Degela todo o desgosto / Gasto neurônios com teu rosto/ Na minha bossa gasta de tanto amarrar/ Saudade que desgraça a palavra/ Sem degustar a palavra/ Sem degustar a palavra/ Gosto do que sou quando estou com você/ Tem gosto de fundo azul/ O cheiro de água que sinto/ Quando te encosto”. Daí me diz, você faz ou fez seus trabalhos dedicados a alguém ou alguma coisa? Esse seu rio costuma vir de onde e para onde ele vai… ah, e como você lida com a morte?

 

ACA: Fiz uma vez, foi um exercício interessante de traduzir essas sensações que as pessoas causam na gente, essa música da Anelis é bem assim né, a expressão sensorial de uma pessoa pela palavra, o que no caso eu fiz pelo desenho. Mas não costumo fazer não. O rio está parado, o que se move é água nele, quer dizer, está sempre nos mesmos lugares, mas nunca é o mesmo, ao mesmo tempo que está em todos os lugares, porque é vapor e chuva. Lido muito mal com a morte, gosto muito de viver e isso me dá medo. Perdi 1 pessoa próxima na família uma vez, mas eu era criança, sinto que o impacto dessa morte foi diluído porém muito estendido, sempre penso nessa pessoa. Detesto a incerteza de uma possível continuidade de vida e seus destinos pós-morte e detesto mais ainda a possibilidade de fim definitivo.

Max Wíllà Morais, sem título, grafite, esmalte e lápis de cor sobre papel, 2019

ACA: É total uma conversa né, um elemento responde ao outro. Uma conversa de movimento e uma conversa de imagens também entre os elementos no papel. Já estamos fazendo uma conversa de imagens, vamos fazer uma conversa de movimentos também um dia? Podia ser eu você e minha mãe, ela ia adorar. 

 

mwm: Estamos em conversa tem um tempo aqui já, e estou aqui ouvindo Anelis Assumpção, olha!. Sim, sim, um dia, com muito sol, eu vou amar. Podemos chamar mais gente… e se for dentro de uma piscina, imagina? Pode ser também na praia, pegando a areia, que saudade da maresia… agora tá batendo um vento forte aqui. Tudo está voando. Agradeço muito Ana, muito mesmo! Até mais.

Ana Cláudia Almeida, sem título, 2019

mwm: Vou continuar com a Anelis tá?! Porque estou ouvindo todos os dias dessas últimas semanas por conta da vibração… tem uma música que ela canta que se chama “Paint my dreams”, e numa parte um homem diz “a vida é isso, tudo isso/ é uma maravilha, é uma/ em mudanças frequenciais”. Em relação a isso, como uma última questão, eu queria saber dessa frequência, que por muitas vezes no que você faz tá em outra vibração do dia-a-dia… tá lá no sonho? Olhando esse desenho, por exemplo, imagino tanta coisa… vejo sim, muita coisa, poderia dizer que é… é um monte de… uma nuvem de… um rio de… “I’m gonna be a bird”?

 

ACA: Ai sim, sim e sim. Outra frequência no dia, liberar os movimentos. Um pouquinho no sonho um pouquinho na presença da matéria. Tava vendo um videoclipe aqui, e pensando como é maravilhosa a performatividade dos cantores né, tem vários que se movem de um jeito muito lindo. O show da Anelis que eu fui na, Maré fiquei hipnotizada com os movimentos dos pés dela. Que saudade de dançar, danço em casa, mas não é a mesma coisa que na rua, não tem a mesma emoção.

max wíllà morais é artista, escritora, graduada em Artes Visuais pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (2016), mestranda em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2019-2021) e bolsista na Escola de Artes Visuais do Parque Lage em Mediação (2014) e no Programa Formação e Deformação (2019-2020). Bicha, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Em seus desenhos, pinturas, fotografias e aparições max se interessa por histórias, geografias e as relações materiais e imateriais com o mundo e as coisas. Investiga também as experiências visíveis e invisíveis a partir da diáspora africana e dos encontros tanto familiares quanto incomuns. max foi indicada ao prêmio PIPA em 2020 e expôs recentemente na galeria A gentil Carioca, no Museu de Arte do Rio e no Paço Imperial do Rio de Janeiro. Participou das Residências “Raquel Trindade, a Kambinda” no Museu da História e Cultura Afro-Brasileira no Rio de Janeiro, da Residência “Arrebatrá” no Centro Municipal Hélio Oiticica/RJ (2019/2020), da Residência “Entre nós” pela Oá Galeria em parceria com o Mosteiro Zen no Morro da Vargem Zenkoji, 2019; e da residência Despina, no Rio de Janeiro em 2019 e foi educadora do Museu de Arte do Rio (2014-2017). É colaboradora do Instituto Maria e João Aleixo em Pesquisa, Educação e Culturas em Periferias (2018-). Em 2018 estreou com Diambe da Silva “A poeira não quer sair do Esqueleto” (2017-2018), documentário experimental exibido na Argentina, Brasil, Uruguai, Sibéria, Emirados Árabes e Índia, entre outros lugares.

 

 

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