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BIOGRAFIA
Ana Raylander Mártis dos Anjos

Ana Raylander Mártis dos Anjos é nascida no cafundó do mundo (1995, MG), atualmente vive em São Paulo. Em sua prática procura estabelecer um diálogo entre a história coletiva e a sua própria história, o que tem chamado de prática em coralidade, envolvendo grupos de pessoas para colaborações e experiências de aquilombamento. Com formação em palhaçaria, bacharelado em Artes Visuais pela Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil) e Arte e Multimédia pela Escola Superior Gallaecia (Portugal), entende sua atuação como um fazer interdisciplinar e transversal*. Vem recorrendo com frequência aos saberes da educação, escrita, performance e brincadeira como forma de compor um maquinário verbal, corporal e ético para discutir suas urgências em projetos de longa duração. Foi contemplada com uma residência na Adelina Instituto (2019) e com o Prêmio de Residência EDP nas Artes, do Instituto Tomie Ohtake (2018), realizou o projeto Coral de Choros, no Programa de Exposições do CCSP (2018), participou de mostras na Galeria Aura, Centro Cultural UFMG, XIX Bienal Internacional de Cerveira e Novas Poéticas. Realizou mostras individuais no Brasil e Espanha. Em 2020 fez o primeiro levantamento de artistas transmasculinos e não-binários nas artes visuais, reunindo 90 nomes.

 

Artista participante do Pivô Satélite #1.

Ana Raylander Mártis dos Anjos
Os ditos e os não ditos do riso
26 OUT - 26 NOV, 2020

“Os ditos e os não ditos do riso” é o tema da 1ª edição dos Seminários Engraçados, trabalho de Raylander Mártis dos Anjos que propõe um conjunto de conferências gratuitas sobre o riso no contexto brasileiro e internacional. Na obra que costura a sátira com o princípio da sua pesquisa sobre as coralidades, Mártis investiga as temáticas que envolvem o riso, a brincadeira e a comicidade em níveis históricos, estéticos e políticos.

Nos arrancando gargalhadas nervosas, o seminário coloca ainda para jogo dentro da negociação, a própria brincadeira, e nos leva a pensar que as máscaras que usamos nos fazem a todas, esconder o sorriso. Assim que nessa nossa despedida pelo Satélite, a artista efabula com os festejos e seus brincantes, fazendo da cambalhota, episteme para fugir do imperativo moral da destruição.

O seminário terá mediação de Raylander Mártis dos Anjos e da palhaça Fiapo Marrom”.

A artista e pesquisadora Raylander Mártis dos Anjos e a palhaça Fiapo Marrom, em parceria com o espaço Pivô Arte e Pesquisa, celebram a 1ª edição dos Seminários Engraçados. O projeto tem como tema Os ditos e os não ditos do riso, e propõe um conjunto de conferências e ações gratuitas sobre o riso no contexto brasileiro e internacional.

Seminários Engraçados considera pensar o riso como um campo de disputa e de imaginação política. O que está em jogo quando reivindica-se ou abdica-se do direito de rir? Essa edição considera também investigar para qual lugar o riso pode nos levar coletivamente, por isso foi urgente investigar as resistências que se fazem no campo dos festejos e das comemorações.

Uma revolução também acontece na brincadeira e na diversão. É preciso ampliar as maneiras de lutar uma guerra, e rir junto é uma delas. Quais portais se abrem em um ajuntamento coletivo, como no Cavalo Carinho, Festas Juninas e Congados Mineiros, patrimônios imateriais do povo e espaços ancestrais do encontro?

O riso está em constante disputa. Seja no campo da história da arte, que possui uma pedagogia das imagens e da representação do riso; seja na tradição popular e religiosa, na qual a resistência se faz no empenho coletivo para os encontros; seja no campo moral e ético, que estabelecem os postulados, os campos de negociações e tensões de uma sociedade.

É urgente lembrar que ser alvo de uma risada pode abrir uma ferida purulenta e potencialmente incurável no corpo. Esse é o caso relatado por crianças que se comportam de modo não normativo e são vítimas de piadas por colegas e professores do ensino regular. O riso, portanto, em muitos contextos pode ser usado como uma ferramenta bélica, e é urgente compreender a sua letalidade.

Sendo o riso também essa arma letal, como interpretá-lo em um contexto forjado pelas políticas de morte contra os povos negros, as comunidades transvestigêneres e pessoas de classes não favorecidas economicamente? Falamos aqui sobre um território assombrado pelo mito da democracia racial; assombrado pelo travesticídio; e assombrado pelos inúmeros processos de sujeição que reatualizam a mecânica colonial de mundo. Em ambos os casos existem corpos a serem nomeados, responsabilizados e entendidos como a raiz desse projeto grotesco.

Por último, é importante comentar sobre a urgência de realizar no contexto da 1ª edição do projeto ações inscritas numa produção de saberes do corpo. Para além de encontros que visam investigar o riso através dos livros e dos arquivos, busca-se também anunciar a produção de pensamento através das grafias do corpo em movimento e na vocalidade, como discute a pensadora Leda Maria Martins.

Os corpos, juntos, são o espaço de produção de pensamento. Seja por meio de um encontro histórico entre os festejos populares brasileiros; seja por meio de cenas curtas de palhaços; seja por meio do circo, que invade a instituição; seja por meio de uma apresentação oral. Seminários Engraçados defende que o riso é uma expressão que precisa ser vivida em sua integralidade, para assim compreendermos sua potência revolucionária.

No país e no mundo das assimetrias, quem brinca de rir entra pra guerra.

Que abram as porteiras para o riso, salve-se quem puder!

Serviço:

Seminários Engraçados é um conjunto de proposições a longo prazo, e conta com a coordenação e mediação da artista e pesquisadora Raylander Mártis dos Anjos e da palhaça Fiapo Marrom.

Data: em breve!

Mais informações sobre o evento e inscrições: seminariosengracados@pivo.org.br

Programação:

 

Dia 01 – Segunda-feira

Manhã – O circo reencanta o museu – Cerimônia de abertura da 1ª edição do projeto continuado Seminários Engraçados.

Com a tarefa de inaugurar as atividades e de produzir um retorno ao encantatório no museu, a ação abre passagem para a 1ª edição dos Seminários Engraçados. Reunindo um grupo de circenses brasileiros, para conjuntamente invadir as paredes da instituição e erguer uma tenda de circo, onde tudo pode acontecer.

Tarde – Entradas clownescas e performatividades bobas.

As entradas clownescas são basicamente cenas curtas e dialogadas, interpretadas pelo clown branco e por um ou mais augusto. Elas foram documentadas por Tristan Rémy, em um livro publicado em 1962. As entradas sobreviveram através das gerações pela transmissão oral, cada palhaço construiu a sua maneira única de apresentá-las no picadeiro. A vida dos artistas do circo, pessoas da estrada, se reflete nas entradas clownescas. Para entender essa complexa trama nômade, abordaremos as entradas O restaurante, O barbeiro e O alfaiate. O que escapa dos bastidores e se revela nas entradas?

Noite – Breve panorama sobre a ética e a moral do riso.

Como definiram-se os valores éticos e morais do riso? Quais pressupostos regulam aquilo que é ou não é risível? O autor propõe explorar os conceitos de ética e moral do riso, traçando um panorama histórico que leva em consideração o século X até a contemporaneidade. A comunicação se estabelece em três eixos norteadores: rir com o outro, rir do outro e rir para o outro.

 

Dia 02 – Terça-feira

Manhã – Cenas de um Brasil cômico e em chamas.

Aproximações entre a concepção de grotesco e o atual cenário brasileiro são a proposta. Pautando as atrocidades institucionalizadas pelas bandas de cá, a comunicação defende que muitas vidas experimentam diariamente uma espécie de cena grotesca, como as cenas pintadas por Hieronymus Bosch. Utilizaremos a equação proposta por Muniz Sodré e Raquel Paiva: Grotesco = Homem # Animal + Riso.

Tarde – Mestiça: um romance brasileiro e o risível no século XX.

A apresentação parte dos estudos sobre o romance Mestiça (1944), de Gilda de Abreu que deu origem à peça de circo-teatro A Mestiça (1951), do Circo Nerino. Pretende-se discutir essas duas fontes artístico-documentais, politicamente alinhadas ao projeto de mestiçagem e de harmonia racial no Brasil do século XX.

Noite – Um flerte entre o nariz vermelho e o riso.

A palhaçaria ocidental, cujas características visuais mais marcantes são o nariz vermelho e a maquiagem no rosto, se espalhou para além do continente europeu, produzindo uma certa “história única” da comicidade no mundo. Esse imaginário, ao mesmo tempo que fabricado, também suprimiu outras formas de cômico tradicionais e ancestrais. Apresentaremos um panorama histórico sobre a palhaçaria ocidental e discutiremos o papel do nariz vermelho no seu processo de globalização. A menor máscara do mundo colonizou o riso nas Américas?

 

Dia 03 – Quarta-feira

Manhã – E se Cabral usasse calças jeans?

A palhaça Urucum reencena o “descobrimento do Brasil”, interpretando o tirano Pedro Álvares Cabral. Seu personagem usa um par de calças jeans, fabricado no ano de 2020 por uma grife de roupas internacional, que mantém suas costureiras em situação de trabalho amigavelmente forçado.

Tarde – Coral de Risos: discussões em torno de projetos recusados.

Compreender as dinâmicas que balizam as aprovações de projetos artísticos e a consequente recusa de outros. Na oportunidade será utilizado o projeto recusado Coral de Risos como estudo de caso. O projeto consiste num laboratório coletivo, que se desdobra na instalação Espaço do Riso e na apresentação pública da obra Risatório, pensado para e com as imediações de um parque brasileiro. Coral de Risos é a continuidade de uma pesquisa que a artista Raylander Mártis dos Anjos chama de produção de coralidades: reunião e ajuntamento de pessoas que se debruçam durante alguns meses em investigações sobre temas como o choro, o riso, a morte ou a vida. Ela parte dos estudos sobre os arrecifes de corais, onde inúmeros seres dividem um mesmo espaço, um lugar comum.

Noite – O direito ao riso na história da arte: entre a brincadeira, a coralidade e a pirueta no tempo chronos.

Lançando um olhar sobre a representação do riso na história da arte, a presente fala percorre pinturas, desenhos, fotografias e esculturas de artistas nacionais e internacionais que retratam em suas obras essa expressão. Entenderemos na oportunidade o riso como uma potente prática coletiva e seu poder de reconfigurar, em gestos de torção e pirueta, a concepção de tempo cronológico, cuja linearidade e consecutividade são heranças de um mundo ocidental. Quem pode rir e representar o riso na história da arte?

 

Dia 04 – Quinta-feira

Manhã – Violências por detrás da gargalhada: fobias de raça, gênero e classe no Brasil.

Quais assimetrias são reveladas quando um corpo branco, cisgênero e de classe economicamente dominante utiliza o riso como produção de diferença? Quais correspondências podemos perceber nas violências que atravessam os corpos não privilegiados e a diversão e entretenimento das elites? Como se articulam as fobias de raça, gênero e classe em contexto nacional e quais são as suas aproximações com a risada e a gargalhada?

Tarde – Minha primeira exposição individual: dez dicas de como beijar de língua curadores, galeristas e artistas – um palhaço em cena curtíssima.

A cena curta conta a saga do palhaço Cacareco, que tenta emplacar a sua primeira exposição individual em uma galeria comercial de São Paulo. Cacareco é um palhaço forasteiro e encontra, na cidade grande, muitas aventuras e dificuldades.

Noite – Brincantes não ocidentais e a resistência afro-americana nos cafundós do mundo.

Traçar um olhar cuidadoso sobre as resistências afro-americanas e seus brincantes, como Mateus, Bastião e Catirina do Cavalo Marinho. Discutir as tentativas de apagamento, de demonização desses brincantes e as resistências dessas tradições frente aos processos de dominação do riso. Compreender a cosmovisão filosófica e religiosa através dos aparatos que constituem essas resistências, como cantos, cortejos, festejos, cenários, objetos cerimoniais, adereços, figurinos e danças. Como base para a proposta tem-se um conjunto de entrevistas realizadas em todo o território nacional nos últimos dez anos, vivências nas brincadeiras e o pensamento de Leda Maria Martins que compõe as performances da oralitura e a encruzilhada.

 

Dia 05 – Sexta-feira

Manhã – O gênero engraçado.

Ao erguer o conceito de gênero engraçado a proposta busca analisar a historicização da travesti como um corpo risível. Desde matérias em jornais, livros e produções audiovisuais das décadas de 1980, 1990 e 2000, será explorado o imaginário construído pela cisgeneridade sobre os corpos das travestis e a ficção de um gênero engraçado, que atrela esse corpo político ao cômico. Na ocasião, a proposta busca também compreender o gênero engraçado como uma possibilidade de afirmação política e de luta.

Tarde – Os ditos e os não ditos do riso.

A presente mesa reúne seminaristas que integram a 1ª edição dos Seminários Engraçados em um diálogo transversal e em formato de roda. Será debatido o grande tema desta edição: Os ditos e os não ditos do riso.

Noite – Encontro nacional dos festejos populares brasileiros – Cerimônia de encerramento da 1ª edição do projeto continuado Seminários Engraçados.

Encerrando as atividades, a cerimônia propõe reunir, pela primeira vez na história, grupos dos festejos populares de todo o território Brasileiro e seus respectivos brincantes. Para esse grande ajuntamento e celebração coletiva, o corpo apresenta-se por meio de voleios, piruetas, rodopios, gingados, dribles, cambalhotas, sussurros, gritos, cantorias, arranjos e improvisos. O corpo inscreve-se nas páginas do mundo e nas temporalidades que se encruzilham.

Palestrantes e artistas:

Alex Sandro Duarte, Cibele Mateus, Fiapo Marrom, Flã de Paçoca Lindo, Mateus do Cavalo Marinho, Raylander Mártis dos Anjos, Ruanes Coelho, @ru_anus e muito mais!

Bios de palestrantes e artistas:

 

Alex Sandro Duarte, 1983

Ator, artista plástico e músico. Passou por um curso de interpretação de ator no Estúdio Plateia Filmes, na região da Bresser. Trabalhou no meio técnico e tem formação em iluminação voltada para o teatro. Participou da Escola de Artes do Brincante, onde teve experiências na expressão de contextos populares. Fez parte do núcleo de direção teatral do Teatro Vocacional entre 2006 e 2009. Nos meios de produção fez parte do curso de Agentes Culturais. É um dos coordenadores do projeto Encontros de Estudos da Palhaçaria, onde também cuida dos registros artísticos e memória. Em complemento aos estudos das artes faz formação técnica na Etec Carlos de Campos, no curso de Comunicação e estuda música em curso livre da Fábrica de Cultura.

 

Cibele Mateus, 1985

Brincante, educadora social, atriz e pedagoga. Desenvolve seus trabalhos teatrais com ênfase na pesquisa de expressões tradicionais brasileiras e na arte de rua como poética para a criação cênica, desde 2005. É colaboradora do Grupo Manjarra (SP) desde 2011, onde inicia sua trajetória como Mateus (figura cômica da “cara preta”). Atualmente desenvolve pesquisa e criação cênica na linguagem da comicidade negra referenciada em expressões afrodiaspóricas, em especial o trio cômico (Mateus, Bastião e Catirina) do Cavalo Marinho Pernambucano, tendo como mestre Sebastião Pereira de Lima (Mestre Martelo). Desde 2016 participa de projetos, encontros e festivais de palhaces e circo, apresentando-se em cabarés, ministrando oficina e bate-papos relacionados a comicidade negra, colaborando com diversos espaços e grupos como: Cia. Mundu Rodá, Grupo Manjarra, Terreiros do Riso, Circo do Asfalto e Palhaços Sem Fronteiras.

 

Fiapo Marrom, dois mil e pouco

Brincante palhaça. De tão sem graça passou a ser engraçada. Só tem duas peças de roupa: um macacão velho de cor marrom, que comprime suas nádegas e coxas; e uma botina marrom de sola arregaçada, que ganhou de uma velha sacana que passava pela estrada. Para ter o seu primeiro nariz vermelho teve que vender outros cem, mas não queriam pagar nem cinco reais por eles. Aprendeu a perder, pra depois ganhar. Hoje anda afastada do nariz vermelho, brigou com ele também. Descobriu a habilidade de rir com o mundo e fazer bobajada, conhecimento herdado de brincantes e palhaças mais velhas. Mente como ninguém, mas tudo que diz é tão verdade que ela parece quase gente.

 

Flã de Paçoca o Lindo, 2005

Palhaço, músico bonito formado em tocador de campainha. Se descobriu na primeira turma de Formação de Palhaços dos Doutores da Alegria em 2006, participando e atuando no espetáculo Uma Besteira Qualquer. Atuou com o coro A Ópera do Meio do Mundo no SESC Consolação e na Mostra SESC Artes: Mediterrâneo do CEM (Centro Experimental de Música). Fez parte também do Espetáculo no Circo da Barra, na Unesp. Apresentou o espetáculo O Tempo, no Teatro Escola Brincante. Fez parte de um espetáculo de bonecos da cia da Tribo. Apresentou duas vezes no Palhapalooza – Mostra de Palhaços do projeto Encontros de Estudos da Palhaçaria. Participou do Núcleo de Máscara e Circo, da Escola Livre de Teatro (ELT). Organizou saídas periódicas no parque da Água Branca, com grupo de palhaços. E agora, na EEP, dialoga com artistas e grupos variados de São Paulo, propondo cenas em construção, direcionamentos e conversas com outros artistas mestres na linguagem.

 

Mateus do Cavalo Marinho, não sei se tem 90 ou 10 anos

É preto livre que viveu o tempo do cativeiro. É preto que pinta a cara de preto, de caivão, pra reverenciar os seus antepassados africanos. Pinta sua cara de preto e faz graça pra denunciar e nunca esquecer. Anda solto pelo mundo. Mora onde não mora ninguém. Por onde vai lega seu matulão (mudança) de paia de bananeira, que é tudo o que tem e, “se queimar não dá uma colher de cinza”. Usa um chapéu colorido na cabeça, sua antena, porque a “cabeça não pode ficar descoberta”. Carrega uma bexiga de boi, que serve pra bater e fazer “musga”. Trabalha tomando conta de terreiros. “Toma conta e não dá conta”. É o primeiro a entrar e o último a sair. Gosta de samba quente, e para manter a chama da brincadeira acesa, dá seus gritos de “Riba, pareia!”. É profissional de caretas. Caretas boas de espantar maus espíritos, tão feias que chegam a fazer rir. Escolheu a menina Cibele como cavalo. Montado nela, ele também é ela? Mateus Cibele, Cibele Mateus. Cara melada de encantaria. Cara melada pra empretecer e encantar.

 

Raylander Mártis dos Anjos, 1995

Raylander Mártis dos Anjos é nascida no cafundó do mundo (MG), atualmente vive em São Paulo. Em sua prática procura estabelecer um diálogo entre a história coletiva e a sua própria história, o que tem chamado de prática em coralidade, envolvendo grupos de pessoas para colaborações e experiências de aquilombamento. Com formação em palhaçaria, bacharelado em Artes Visuais pela Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil) e Arte e Multimédia pela Escola Superior Gallaecia (Portugal), entende sua atuação como um fazer interdisciplinar e transversal. Vem recorrendo com frequência aos saberes da educação, escrita, performance e brincadeira como forma de compor um maquinário verbal, corporal e ético para discutir suas urgências em projetos de longa duração. Foi contemplada com uma residência na Adelina Instituto (2019) e com o Prêmio de Residência EDP nas Artes, do Instituto Tomie Ohtake (2018), realizou o projeto Coral de Choros, no Programa de Exposições do CCSP (2018), participou de mostras na Galeria Aura, Centro Cultural UFMG, XIX Bienal Internacional de Cerveira e Novas Poéticas. Realizou mostras individuais no Brasil e Espanha. Em 2020 fez o primeiro levantamento de artistas transmasculinos e não-binários nas artes visuais, reunindo 90 nomes.

 

Ruanes Coelho, 1993

Mestre em Antropologia Social da Universidade Federal de São Carlos (2019). Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense (2014). Realiza pesquisa com imigrantes chineses na Grande São Paulo. Integra o Laboratório de Estudos Migratórios da UFSCar. Possui interesse em Antropologia Urbana com ênfase nos temas: mediação cultural, imigração, identidades, estilos de vida urbanos, imagens, cidade, antropologia da performance.

 

@ru_anus, 2015

Trav-A-rtista de Nova Iguaçu-RJ, passou por Curitiba – PR e agora reside em São Paulo – SP. Interessada nas redes sociais e nos movimentos de corpos trans_navegantes em rede. @ru_anus é o gatilho na constituição de sua narrativa em se dizer artista. O início, ao se fazer comunicar/trans_navegar. “@ru_anus” é espaço, um caminho, o local em que se experimenta estar. Através da plataforma do Instagram criou perfil como local de se expor e se ver. Atribuindo um novo local ao público, que experimenta seus trabalhos na tela de celular, o que liga a artista e o público são algoritmos que se distribuem em redes, cabos, satélites, bancos de dados. Nele, escolhe documentar processos de seu corpo que transiciona, fotos que privilegiam as mudanças, os devires, captar em já, um peito que cresce, um cabelo que se modifica, um ânus que se alarga. Ali se pretende imaginar o que poderia ser esse corpo, sem estancar uma identidade, e por meio de edições das fotos, escolhas das cores, posições, materializar “esse poderá ser do corpo”, em alguma hora em um processo que dura.

Organização:

Coordenação geral: Raylander Mártis dos Anjos e Fiapo Marrom.
Apoio e assessoria de imprensa: Pivô Arte e Pesquisa.
Design: André Victor.
Registro fotográfico: Linga de Acácio.

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