English
Ana Vaz (1986, Brasília) é artista e cineasta. Seus filmes-poemas percorrem territórios e acontecimentos assombrados pelos impactos das ações do colonialismo e suas marcas na terra, nas formas de vida humanas e não humanas. Expansões ou consequências de seus filmes, sua prática também podem ser incorporadas na escrita, pedagogia crítica, instalações, programas de filmes ou eventos efêmeros.
Seus filmes foram apresentados e discutidos em festivais de cinema, seminários e instituições tais como a Berlinale Forum Expanded, New York Film Festival, TIFF Wavelengths, Cinéma du Réel, CPH:DOX, Flaherty Seminar, Tate Modern, Palais de Tokyo, Jeu de Paume, LUX Moving Images, Courtisane, entre outros. Exposições recentes do seu trabalho incluem: “Penumbra” no Complesso dell’Ospedaletto (Veneza); “Il fait nuit en Amérique ” no Jeu de Paume (Paris, França); 36º Panorama de Arte Brasileira “Sertão” no MAM (São Paulo), “Meta-Arquivo 1964-1985: Espaço de Escuta e Leitura de Histórias da Ditadura” no Sesc-Belenzinho (São Paulo), Profundidad de Campo no Matadero (Madrid, Espanha) e “The Voyage Out” no LUX Moving Images (Londres). Em 2015, recebeu o Kazuko Trust Award concedido pela Film Society of Lincoln Center em reconhecimento da excelência artística e da inovação do seu trabalho em imagem em movimento. Em 2019, recebeu o apoio do Sundance Documentary Film Fund para completar o seu primeiro longa-metragem. É integrante e fundadora do coletivo COYOTE, juntamente com Tristan Bera, Nuno da Luz, Elida Hoëg e Clémence Seurat, um grupo interdisciplinar que trabalha nos campos da ecologia e ciência política através de formas experimentais (conversas, derivas, publicações, eventos e performances).
https://vimeo.com/anavaz
Originalmente prevista para 2021, a exposição da artista Ana Vaz foi um dos projetos atravessados por uma significativa dilatação temporal em seu processo de realização. A mostra, em cartaz no Pivô, intitulada ‘É NOITE NA AMÉRICA’, traz, além de outros trabalhos, uma versão instalativa do filme homônimo, dirigido pela artista, exibido no festival de Locarno, em 2022, e que recebeu menção especial no Pardo Verde, prêmio dedicado a filmes de temática ambiental.
Um conto de eco-terror livremente inspirado pela leitura do livro A cosmopolítica dos animais, da filósofa brasileira Juliana Fausto, ‘É NOITE NA AMÉRICA’ segue os percursos e desvios de animais selvagens, fugitivos da destruição do cerrado brasileiro em plena Brasília moderna. Neste livro, adaptado de sua tese de doutorado, Juliana Fausto investiga, de um ponto de vista filosófico, a vida política de seres não humanos e questiona a ideia de excepcionalidade da espécie humana. A partir da leitura do livro, Juliana Fausto e Ana Vaz iniciaram diálogo e troca de correspondências – parte delas foi, em 2021, publicada na Revista Pivô #2.
Filmado inteiramente em rolos de filmes de 16 milímetros vencidos e com a técnica cinematográfica da noite americana (dia pela noite), o filme narra a trama soturna da chegada e sobrevivência desta fauna em fuga em busca de refúgio num “planeta com muitos refugiados e poucos refúgios”, nas palavras de Juliana Fausto citando Anna Tsing.
Como trilha sonora deste eco-terror, Vaz se utiliza da composição Panthera Onca de Guilherme Vaz, seu pai, artista e compositor multimídia. No filme, o espectador é provocado a refletir os efeitos visíveis e subjetivos do colonialismo em diferentes corpos, territórios e espécies. Em uma abordagem experimental e não linear, testemunhamos histórias e experiências como a de Macau, uma ariranha nascida em Dortmund na Alemanha e transferida para o zoológico de Brasília a fim de “repovoar a terra dos seus ancestrais”, nas palavras da artista.
A instalação ‘É NOITE NA AMÉRICA’ é uma comissão e produção da Fondazione In Between Art Film, com coprodução de Ana Vaz, Spectre Productions e Pivô e apoio adicional do Jeu de Paume, Paris.
Ana Vaz é uma das mais relevantes artistas e cineastas contemporâneas, tendo os seus filmes e exposições circulado por diversos museus, festivais e cinematecas. O seu trabalho é marcado por um constante desafio experimental sobre as formas poéticas do cinema contemporâneo, ressaltando as profundas contradições do nosso tempo, e questionando, sobretudo, as práticas destruidoras da modernidade colonial.
Serviço:
Ana Vaz: É NOITE NA AMÉRICA
Curadoria: Fernanda Brenner
Período exposição: 03/09/2022 a 06/11/2022
Quarta a domingo, das 12h – 18h
Abertura: 03/09/2022, às 13h
Entrada gratuita
Audiodescrição
Ouça o audioguia das obras que integram a exposição:
