Satélite #4




Visita guiada / aarea @ satélite
Visita guiada é um projeto para o espaço online do Pivô, o Satélite, e parte do espaço físico da instituição, assim como muitas exposições e projetos que já tomaram como ponto disparador sua inusitada arquitetura. Situado no Edifício Copan, o imóvel, que já funcionou nos anos 1970 e 1980 como uma clínica médica, apenas em 2012 se transformou em Pivô, conduzido por um grupo de artistas mobilizados justamente pela ocupação do local. O espaço, anteriormente subdividido em pequenas salas clínicas, foi sendo desmembrado na medida em que os projetos artísticos ganhavam escala. O programa do Pivô vem sendo desde o início, portanto, intrinsecamente ligado à sua sede no Copan e à sua localização no centro de São Paulo; e em 2020, ganhou um anexo na internet, o Pivô Satélite. Aferindo as nomenclaturas, pivô é um termo arquitetônico que alude a um ponto fixo em torno do qual giram outros elementos, e satélite um objeto que gravita ao redor de um ponto de referência, derivado deste.
Ocupando o Pivô Satélite, Visita guiada convida os artistas Gabriel Junqueira, Pedro Victor Brandão, Júlia Rocha e Gabriel Massan a criarem correspondências entre o espaço digital do Pivô e seu espaço expositivo no Edifício Copan. Na prática e no vocabulário de projetos de arte digitais, como são apropriados na internet certos termos referentes ao espaço, como arquitetura, expografia, sala, visitante? Caberia à prática da produção e da circulação de obras de arte digitais propor uma reorientação lexical, assumindo tratar-se de uma outra materialidade e espacialidade?
Nos últimos dois anos, presenciamos a proliferação de programações artísticas voltadas para a internet, com o boom dos Online Viewing Rooms, e a subsequente crítica a essa tradução – literal e, por isso, limitada – de uma expografia que corresponde exatamente ao registro de exposições no espaço físico. E foi também nesse período que se deu a popularização da ideia de Metaverso, que vem sendo anunciada como o futuro da internet e também de grande parte do tecido político e social. Todavia, esse primeiro estágio de visualização do Metaverso se apresenta, ainda, como uma réplica arquitetônica do mundo que habitamos, otimizada para operações monetizadas mais ou menos evidentes. Testemunhamos, sem muita agência ou entendimento técnico sobre o desenrolar desse dispositivo, uma projeção do futuro desenhada para a manutenção e desenvolvimento do tecnocapitalismo atual.
Visita guiada toma o programa Pivô Satélite como elemento indissociável do espaço físico do Pivô. Por meio de um software de projetos de arquitetura, Gabriel Junqueira abre o programa propondo uma versão fantasiosa do primeiro andar expositivo, característico por suas colunas, azulejos, rampas e nichos. A animação toma o ponto de vista de uma câmera que navega pelo espaço, agora preenchido por elementos naturais, como plantas e insetos. Assim como o projeto moderno de Oscar Niemeyer para o Copan prevê que o nível da rua seja uma continuação das calçadas do centro, a vegetação de Junqueira atravessa para fora das paredes – remetendo, ainda, a tantas exposições no Pivô que já se propuseram a trazer o entorno para o interior da instituição, como Pivô é a rua (2013), O que não tem conserto (2015), Avalanche (2019), República (2020), entre outras.
O projeto de Gabriel Junqueira estabelece o terreno onde os outros trabalhos de Visita guiada acontecem. No Pivô proposto pelo artista, Júlia Rocha joga com a materialidade das palavras e sua possibilidade de exibição em um espaço expositivo, tensionado pelo meio digital onde novas formas de expografia seriam possíveis. Pedro Victor Brandão ocupa as “paredes falsas” (emprestando um termo arquitetônico que se refere a estruturas temporárias) de Junqueira, apresentando um NFT em constante mutação, constituído por partes hospedadas na plataforma Async.com. Fechando o programa, Gabriel Massan apresenta um conjunto de esculturas digitais e, para ter controle sobre a “expografia” da sala, recria o ambiente de Junqueira utilizando sua própria linguagem. Paralelamente ao período de exposição dos trabalhos no Pivô Satélite, os artistas irão realizar intervenções no espaço físico da instituição, em diálogo com os projetos do site e/ou dando-lhes continuidade.

www.aarea.co is a curatorial platform founded in 2017 that commissions and exhibits artworks designed especially for the internet. aarea’s activities also extend into a public curatorial program, courses, seminars, and projects in partnership with other art institutions. Founded by Livia Benedetti and Marcela Vieira, aarea is the first internet native art institution in Brazil and has been developing projects in institutional partnerships, such as Bienal de São Paulo, Jeu de Paume (Paris), CCA Wattis Institute (San Francisco), Pivô, Sesc, Pro Helvetia (Switzerland), Salón Nacional de Bogotá (Colombia), among others. aarea has held courses, lectures, and educational activities in places such as the University of São Paulo, Université Rennes II (France), Federal University of Amazonas, Sesc, and the British School of Creative Arts.
Guest curators Pivô Research 2020 Cycle I and edition #4 of Pivô Satélite (2022) .
Satélite #4
Satélite #4














Pedro Victor Brandão (Rio de Janeiro, RJ, 1985) works with photography, painting, moving image and social experimentation. He confronts the artistic traditions in assessments of the present and future of capitalism. His research combines different fields of knowledge, such as economics, the right to the city, cybernetics and the current manipulable nature of the technical image. Victor Brandão studied photography at Estácio de Sá University in Rio de Janeiro and attended free courses at Escola de Artes Visuais Parque Lage and the Summer University at Capacete. He held the solo shows “Pintura antifurto”, in Casa França-Brasil (Rio de Janeiro, Brazil), “Tela Preparada”, in Sé gallery (São Paulo, Brazil), and “Forjada e Outras Formas” in Portas Vilaseca Gallery (Rio de Janeiro, Brazil), among others. He has participated in group shows such as “Vivemos na melhor cidade da América do Sul”, in Iberê Camargo Foundation (Porto Alegre, Brazil), “Take Me, I’m Yours”, in Villa Medici (Rome, Italy), and “O Rio é uma Serpente”, in SESC (Sorocaba, Brazil).
Artist participated in Pivô Pesquisa 2018 and in Pivô Satélite #4. (2022)

